Escritrio de advocacia Soares Correia
Agatha
O meu nome Agatha, tenho 27 anos e sou estudante de direito. Sou noiva a 03 anos, tempo demais para uma pessoa permanecer noiva. Na verdade isso me cheira a enrolao, eu fui louca por Hugo, meu noivo, fui do passado no sou mais. Hugo mudou muito, ou fui eu quem mudei, no sei ao certo e estou cansada de tentar entender. No entanto, ainda estamos noivos e moramos juntos. Quanto ao casamento, no fao a menor ideia de quando acontecer. Hugo sempre foi carinhoso, mas sempre foi esperto se que entendem. Seu olhar nunca foi s meu e eu sempre imaginei como seria se fosse. Alm disso, um bruto na cama, e ultimamente s me procura quando quer sexo, o que fao para agrad-lo. No existe mais fogo, ou paixo entre ns, se que um dia existiu.
Amor, volta para a cama, estou com vontade de voc agora. Hugo diz. Eu reviro os olhos.
Hugo, eu estou atrasada para o trabalho. Fui dormir tarde ontem por sua causa, esqueceu? ele agarra as minhas pernas me impedindo de andar. Hugo! ontem a noite, ele insistiu que eu fosse com ele em um encontro com seus amigos em um bar. Sei que ele s quis que eu fosse para me exibir, como um trofu, pois quando seus amigos me elogiavam, ele apenas sorria presunoso, mesmo que os elogios que no eram bem elogios, fossem nojentos. De vez em quando, ele dizia no meio de todos
Duvido que algum aqui nessa mesa, tenha uma mulher mais gostosa que a minha. os amigos gritavam com entusiasmo e o meu rosto queimava de vergonha, de vontade de sair correndo e deix-lo l sozinho. Mas a considerao que eu tinha por ele, por todos esses anos que estamos juntos, me impedia de fazer isso. Eu sabia tambm que ele j tinha tomado umas e outras, mas eu tinha conscincia de que isso no era desculpa.
Ah gata, a gente se divertiu, no se divertiu? Eu te amo. me fazendo sentar na cama.
Eu tambm te amo. digo, sem nem ter certeza mais disso.
Ele me beija com violncia, tirando a roupa que eu j havia vestido.
Hugo, estou atrasada... meu corpo ainda corresponde ao dele, embora eu faa a sua vontade para agrad-lo. Calma, vai rasgar minha roupa.
Eu compro outra para voc.
Sabemos que mentira.
Ele suga a pele do meu pescoo com fora, com certeza formar uma mancha roxa no lugar, precisarei cobrir com maquiagem antes de ir para o trabalho. Em instantes, ele j est dentro de mim, faz o que tem que fazer e volta a dormir. Eu no sinto nada, apenas o corpo dolorido devido s suas fortes apalpadas.
J acabou? perguntei com ironia, mas ele j estava dormindo.
Me levanto, tomo banho novamente e me visto. Coloco uma cala preta skinny, botas de cano curto e jaqueta de couro. Na bolsa, levo um blazer para me trocar quando chegar. Penteio meus longos cabelos, que possuem algumas luzes e passo um pouco de perfume. Fao uma maquiagem leve e sem tomar caf, pego minha bolsa e vou para o trabalho.
Hoje meu primeiro dia de trabalho no escritrio de advocacia Soares Correia. um dos melhores e mais prestigiados escritrios da cidade do Rio de Janeiro. Estou ansiosa, consegui esse estgio com muito custo, depois de entregar inmeros currculos. Olho no relgio, so 0745. Com sorte, conseguirei chegar bem na hora, embora seja prefervel chegar com antecedncia, ainda mais sendo o primeiro dia.
Saio do apartamento onde moro com Hugo desde que ficamos noivos. O apartamento era dos meus pais, mas depois da morte deles em um acidente areo, minha irm e eu decidimos que seria melhor que eu ficasse com ele, j que minha irm Karen casada e tem sua prpria casa.
Fao sinal para um txi que se aproxima, ele para, eu entro e eu digo o endereo para onde ele deve me levar. Felizmente, o escritrio no fica muito longe, levou cerca de 07 minutos para fazer o trajeto. Rapidamente, paguei o txi e caminhei depressa para a entrada do escritrio. Os advogados e os outros estagirios j comearam a chegar. Eu ainda no conheo ningum aqui, exceto o Advogado chefe, Clvis, com quem fiz minha entrevista e foi quem me contratou. Minha funo no escritrio auxiliar os advogados j formados, no que for preciso. Como j estou no ltimo ano do meu curso, ento no ser difcil.
Quando estou quase alcanando a porta, um homem alto, bonito, abre a porta e faz sinal para que eu entre na frente. Eu sorrio com timidez e agradeo
Obrigada.
Por nada. nova aqui? Nunca te vi antes. ele pergunta com um sorriso largo. Noto que sua barba est por fazer. Ele est vestindo terno, alis como todos os advogados. Ele deve ter pelo menos uns 40 anos, embora aparente ter menos.
Sim, sou a nova estagiria. o meu primeiro dia.
Seja bem vinda... como posso te chamar?
Agatha. Me chamo Agatha. sorrio.
Muito prazer Agatha, o meu nome Ricardo. ele estende a mo, eu aperto.
O prazer meu.
Se precisar de algo, se tiver alguma dvida que eu possa sanar, me procure. ele pisca para mim, sorrindo com atrevimento.
Ser que ele acabou de dar em cima de mim, ou eu t ficando louca? com certeza estou vendo coisa onde no existe, ele s tentou ser agradvel.
Me dirijo para a minha mesa que fica ao lado das mesas de outros estagirios, deixo a minha bolsa e vou at a cozinha verificar se h algum caf que eu possa tomar. Chegando l, encontrei uma mulher bem vestida com uma xcara de caf na mo. Ela sorri quando me v
Bom dia. ela diz amvel.
Bom dia, me chamo Agatha. Sou a nova estagiria. estendo minha mo em cumprimento.
Muito prazer querida, meu nome Sara. Sou advogada associada h mais de dez anos aqui. ela aperta minha mo.
mesmo? A senhora deve ter construdo uma carreira de sucesso aqui.
Eu acredito que sim. Sucesso mesmo fazer um trabalho bem feito. Olha, voc quer caf? Me desculpa, nem te ofereci. ela ri.
Quero sim, pode deixar que eu pego.
Pego uma xcara e coloco caf, meu estmago vazio recebe a bebida com alegria.
Se precisar de alguma coisa, s me dizer Agatha. ela diz, se afastando.
Pode deixar, Doutora.
Termino de tomar o meu caf e vou para a minha mesa que j est lotada de papel, me sento em minha cadeira e ligo o computador. Uma estagiria se aproxima e joga mais alguns papis praticamente em cima de mim, eu respiro fundo e a encaro nos olhos, ela sorri cinicamente.
O que voc est fazendo? digo, me preparando para partir para cima dela.
Esses documentos precisam ser digitalizados. ela cruza os braos.
Ento porque voc mesma no faz isso?
Porque quem chegou agora fica com o pior trabalho. ela diz e sai andando rindo.
Eu bufo de raiva, mas me controlo. Eu preciso do emprego, no posso arranjar discusso logo no primeiro dia, afinal ela est aqui h mais tempo do que eu.
No liga para ela, a Renata uma chata. Logo voc se acostuma. uma moa morena de cabelo cacheado longo, que est sentada ao lado da minha mesa fala. O meu nome Livia e o seu?
Agatha, prazer.
Muito prazer, Agatha. ela sorri.
Era assim com voc tambm quando comeou aqui? digo, me referindo a tal da Renata.
Era sim, mas a vem outra pessoa e ela troca de alvo. ela revira os olhos. No se preocupe, logo ela cansa de voc e passa a implicar com outra pessoa.
Eu acho bom mesmo, no tenho pacincia para gente folgada. Livia ri.
Ningum gosta dela aqui, at os advogados formados costumam chamar ela pelo apelido que os estagirios deram a ela Renata ingrata! Sabe? Como a msica. ela fala baixo, rindo em seguida.
Sei sim. eu rio. Nesse momento ouo o advogado que conheci mais cedo me chamar de sua sala
Agatha? Pode vir at aqui, por favor? Ricardo fala alto de sua sala.
Eu me levanto rapidamente e vou at ele, a porta est aberta, ento apenas peo licena.
Com licena, Dr. Ricardo.
Entre, meu anjo. Meu anjo? Certo, isso uma forma muito ntima de tratar uma estagiria. Eu entro, ficando em frente a sua mesa, seus olhos percorrem todo o meu corpo. Eu abaixo a cabea envergonhada. Ele nem ao menos disfara.
Preciso que junte esses documentos para mim no sistema e depois arquive, por favor.
Claro, Dr. Vou fazer isso agora mesmo. eu pego os papis de sua mo e no processo nossas mos se tocam. Me afasto rapidamente, limpando a garganta. Seu olhar me devora, ela passa a lngua nos lbios de forma grosseira. Com licena.
Saio de sua sala o mais rpido que posso e volto para a minha mesa. Esse homem me deseja, mas eu no sinto o mesmo e ainda por cima sou noiva, e mesmo que no fosse, ele no faz o meu tipo.
Rafael
Meu nome Rafael, tenho 34 anos, sou delegado de polcia da cidade do Rio de Janeiro. Fiz minha faculdade no exterior, na cidade de So Francisco, na Califrnia EUA, por insistncia do meu pai, que sempre teve a mania de dizer que at mesmo o ensino privado no Brasil, era uma merda. Trabalhei dois anos como delegado por l, depois de formado, e a cerca de um ano, assumi a delegacia civil do Rio, desde que passei no concurso pblico. Acordei com o despertador tocando, me levantei e tomei um banho rpido. Vesti uma cala jeans, camiseta branca, um blazer por cima e pendurei meu distintivo no pescoo. Tomei um caf preto feito pela Dona Joana, minha funcionria h mais de cinco anos, peguei minhas chaves e carteira e sai de carro. Dirigi at a delegacia que a essa hora da manh j estava um caos.
Bom dia, Delegado Rafael. a moa da recepo me cumprimenta. Ela tem um sorriso safado no rosto. Eu sempre finjo que no percebo seus olhares e suas passadas de lngua pelos lbios. Eu tenho um preceito que levo muito a srio No se mistura trabalho e prazer.
Bom dia, Aline. Algum recado para mim?
No, nenhum delegado.
timo.
Sigo para a minha sala, minha equipe j se encontra cada um concentrado em sua funo, eles sabem que sou bem exigente com o trabalho deles e no tolero gente folgada.
Bom dia, pessoal. digo, num cumprimento geral.
Bom dia, delegado. dizem em unssono.
Entro na minha sala, coloco o blazer sobre as costas da cadeira, me sento e ligo o computador. Em cima da minha mesa tem alguns papis, documentos sobre crimes que ainda esto sob investigao. H algum tempo, venho investigando o desaparecimento de trs mulheres, na faixa dos 20 anos de idade. Essas mulheres sumiram com uma diferena de 01 ms entre si. As famlias esto desesperadas, querem respostas, eu tenho feito tudo o que posso, seguindo as pistas que tenho. Mas, no estou nem perto de concluir essa investigao. Todas possuem o mesmo padro So moas bonitas, vinte e poucos anos e cabelo comprido.
Ouo uma batida na porta, em seguida ela aberta pelo meu parceiro de investigao Rodrigo
Eai, corno? Chegou cedo hoje, deu formiga na sua cama? Rodrigo um grande amigo, nos conhecemos na faculdade e viemos trabalhar aqui na mesma poca.
Bom dia para voc tambm, babaca. Acordei cedo porque sua namorada me acordou para tr.
Retardado do caralho, voc s tem coragem de falar isso porque sabe que eu no tenho namorada.
Eu solto uma gargalhada.
Fala logo o que voc quer, estou ocupado. digo, zoando.
No temos mais nenhuma pista sobre a operao Padro. Estou comeando a achar que essas mulheres foram abduzidas por aliengenas.
Eu vou chamar as pessoas prximas s vtimas para depor novamente, talvez eu tenha deixado alguma coisa passar.
No custa tentar. Vou deixar voc trabalhar, almoamos juntos hoje? ele diz.
Claro, amigo.
Ele faz sinal de positivo e sai da sala. Eu me concentro novamente nos documentos minha frente. Preciso descobrir o que aconteceu com essas meninas, algo me diz que algum est por trs disso.
Corao vazio
Agatha
Para o primeiro dia de trabalho, at que o dia passou depressa. Na hora do almoo, Livia me convidou para comer com ela em uma lanchonete perto do escritrio. Hugo no me ligou ou mandou mensagem uma vez sequer durante todo o dia, para ser sincera eu nem estava esperando que ligasse. Felizmente, eu dei conta de fazer todo o trabalho que estava sobre a minha mesa, at mesmo aqueles que a vagaba da tal Renata jogou sobre mim. Eu no sei sobre os outros, mas eu no pretendo ficar aturando esse tipo de atitude para cima de mim. No fim do expediente, peguei minha bolsa e j estava de sada quando Ricardo me chamou
Agatha? J est indo? ele estava com as chaves do carro na mo.
J deu minha hora. disse sorrindo.
Quer uma carona, meu anjo? ele falava e olhava para os meus peitos, era constrangedor.
Eu agradeo, mas no precisa. Eu vou de nibus.
Tem certeza? Eu posso te levar sem problemas.
srio, no precisa.
Voc quem sabe, at amanh. piscou para mim e saiu.
Eu fiquei um tempo parada, tentando entender tudo o que acabou de acontecer. Parece que esse cara gamou em mim.
Saio do escritrio e vou at um ponto de nibus, j vim de txi hoje, no posso voltar tambm, meu oramento no aguentaria. Se o Hugo no fosse to preguioso, ele poderia vir me trazer e buscar, mas isso no seria possvel porque o seu carro est parado h dias com o tanque vazio. Hugo est desempregado faz 06 meses, graas a Deus eu consegui esse emprego, j que precisei sair do ltimo, pois chegou ao fim o contrato.
Entrei no nibus j pensando o que eu teria que fazer quando chegasse em casa, a mesma deve estar de perna pro ar para variar, Hugo fica em casa o dia todo e no levanta uma palha. Ser o filho nico deve t-lo deixado mimado demais, apesar de seus pais serem firmes com ele e no lhe darem um tosto, sempre ficam do lado dele, mesmo quando est errado.
Deso em um ponto prximo ao meu apartamento, quando entro em casa, respiro fundo para no ter um treco. Tem roupa espalhada pela casa toda, a pia est cheia de loua, a tampa do vaso est erguida. Acho que xixi...no cho?! Porra, penso possessa.
Hugo? eu chamo. No obtive resposta. Vou at o quarto e ele est deitado mexendo no celular.
Ah! Voc est a! Obrigada por limpar e arrumar a casa enquanto eu estive fora trabalhando. ele nem olha para mim.
Hugo! Estou falando com voc! como ele no respondeu, tomei o celular de sua mo.
Ei! Me devolve! O que est fazendo? ele pula da cama, eu devolvo o celular.
Estou falando com voc, por acaso escutou alguma coisa do que eu disse?
Porque est estressada? ele volta a se deitar e a mexer no celular.
Eu reviro os olhos e bufo.
Estressada? Eu trabalhei o dia todo e quando eu chego, esperando encontrar a casa organizada, a loua lavada, eu encontro tudo sujo, bagunado e o cho do banheiro molhado com mijo! explodo.
Agatha, foi mal. Mas eu sa para procurar emprego e cheguei um pouco antes de voc. ele se justifica, eu no sei se acredito. Hugo sempre foi um bom mentiroso.
E ento? Deu sorte? decido entrar no seu jogo.
No foi dessa vez, amor. ele veste uma expresso desolada no rosto.
Vou tomar um banho, preciso ir para a faculdade.
Peguei uma toalha e entrei no banheiro. Tomei um banho demorado, pois Hugo tinha me deixado puta de raiva. Sai do banheiro enrolada na toalha, ele ainda continuava deitado na cama de cara para cima. Coloquei uma cala, uma blusa cropped, uma bota de cano curto e uma jaqueta de couro vermelha. Fiz um coque no cabelo, uma maquiagem e passei um pouco de perfume.
No sei para que ir para aula arrumada desse jeito. ele diz, eu reviro os olhos e ignoro.
Eu j estou indo.
Espera, no vai nem fazer o jantar? eu olho para ele sem acreditar.
Jantar? J que no fez nada o dia todo, faa voc mesmo o seu jantar. Eu vou comer na faculdade.
Peguei minha bolsa e sai, o deixando de boca aberta. Hugo j est comeando a me cansar.
Fui de nibus para a UERJ, eu no tinha muitos amigos l, somente uma colega de sala, Raissa, que mais faltava do que vinha. Eu perdi muito tempo da minha vida tentando encontrar a profisso ideal, pulando de curso em curso, at descobrir o que eu realmente queria fazer Direito. O meu sonho ser investigadora de polcia, para isso que estou me esforando.
Rafael
Terminei o expediente na delegacia sem muitos avanos na investigao da operao Padro. Pego meu carro e vou para casa. Estou frustrado, essa investigao est se estendendo e ainda estamos longe de descobrir o que aconteceu com essas trs mulheres.
Eu moro sozinho, tenho somente uma funcionria que trabalha na minha casa, mas no dorme no emprego. Nunca me casei, j tive algumas namoradas, mas foi s. Tambm no penso em me casar, gosto da minha liberdade, vou para onde quero, viajo, saio, me divirto com meus amigos. Vida boa para mim isso liberdade, amigos, sucesso na profisso e uma bela mulher na minha cama sempre que possvel.
Cheguei em casa e fui direto para o chuveiro tomar uma ducha, enquanto tomava banho, fiquei pensando no depoimento que as famlias das vtimas dariam novamente amanh. Eu havia solicitado que as pessoas prximas s moas desaparecidas, fossem contatadas de novo e intimadas a depor. No posso deixar passar nada dessa vez.
Termino de tomar banho, coloco um moletom e deso para comer a refeio que Dona Joana deixou pronta para mim. Me sento na mesa para comer e meu celular comea a tocar, olho para a tela e vejo o nome do Rodrigo.
Ligao on
Fala corno manso.
O que voc quer, babaca?
Sai da toca e vem para o bar, estou te esperando.
segunda-feira, filho da me.
Todo dia dia, delegado.
Vou no.
Vem sim, caralho.
Em que bar voc est?
Bar trs estrelas.
Trs estrelas? Com esse nome deve ser uma merda.
Venha e vers.
Certo, me manda localizao.
!...!
J eu chego ai.
Vou estar e esperando, nenm.
Vai se foder
Ligao off.
Acabei de comer e subi para me trocar. Coloquei uma cala e camiseta branca. Passei um perfume, peguei chave, carteira e sai. Espero que esse lugar valha a pena.
Vinte minutos depois, cheguei ao local que o meu amigo tinha me enviado a localizao. O nome realmente no fazia juz ao lugar. O bar era de alto padro, s de pensar nessa palavra fico inquieto. S aceitei sair em plena segunda, porque preciso me distrair um pouco dessa investigao, tudo o que eu fao pensar nisso.
Entrei no bar e j avistei Rodrigo sentado a uma mesa no meio de duas mulheres, uma loira e uma morena. A morena sorriu ao ver me aproximando, sou chegado em uma morena que chego choro.
Gatas, esse o meu amigo delegado Rafael. Rodrigo me apresentou, daquele jeito dele.
Delegado? falou a morena me olhando.
Eu assinto com a cabea.
O melhor delegado da cidade, mulherada.
Eu tento. digo brincando. At que esse lugar no to ruim assim. comento, olhando ao redor.
Garom, uma bebida pro meu amigo. Rodrigo pede para um garom que estava passando.
Whisky com gelo, por favor. digo.
Ento, o que voc faz quando no est bancando o melhor delegado da cidade. diz a morena.
Estou em bares ruins, bebendo bebidas ruins com o meu melhor amigo. brinco.
Ou! O bar timo e a bebida de qualidade. diz Rodrigo ofendido.
Vamos ver. Obrigado. o garom traz a bebida, eu tomo um gole. A bebida normal, nem melhor nem pior das que eu j provei antes. D pro gasto.
Rodrigo revira os olhos.
Deixa de ser mala, Rafael. Admite que esse lugar bom pra caralho. ele diz.
Eu nunca tinha vindo nesse bar antes, voc sempre vem aqui?
Faz pouco tempo que descobri esse lugar, fica com cimes no, beb.
Sai, trouxa!
Eu passo meus olhos pelo ambiente, a maioria dos frequentadores so homens na faixa dos 30-50 anos e mulheres na faixa dos 20-30. Interessante...
Ento, alm de ir a bares ruins e tomar bebidas que do para o gasto, o que mais voc gosta de fazer? a morena continua, interrompendo o meu raciocnio. Eu sorrio.
Rodrigo est com a lngua na garganta da loira nesse momento.
Gosto de conhecer belas mulheres tambm.
Ela sorri com malcia e aproxima o rosto do meu.
Me encontra no banheiro. ela sussurra.
Eu fico observando ela se afastar, depois de um tempo me levanto sem ser notado. Rodrigo est ocupado demais para prestar ateno em mim.
Abro a porta do banheiro e passo a chave. A morena est encostada na pia, ela tem um sorriso safado no rosto. Eu me aproximo dela rapidamente e a beijo com brutalidade, ela geme quando eu a viro de costas para mim e dou um tapa na sua bunda. Levantei o seu vestido e desci sua calcinha, afastei suas pernas com as minhas e instantes depois, estou dentro dela. Terminamos e eu sai na frente, procurei meu amigo para me despedir, mas no o encontrei, ento fui embora. Mais uma noite de sexo casual, onde eu fui embora sem nem perguntar o nome da garota.
No caminho de volta para casa, fui refletindo sobre a vida que venho levando. Estou sempre sozinho, mesmo estando sempre acompanhado. O prazer momentneo, o que permanece um vazio interior sufocante.
Cheguei em casa, tomei outro banho e ca na cama. Amanh o dia ser longo com mais uma rodada de depoimentos.
Pra cima de mim, s avio a jato!
Agatha
Cheguei em casa depois da faculdade j era quase meia-noite. A casa continuava do mesmo jeito que estava quando eu cheguei do trabalho. Entrei no quarto e Hugo dormia profundamente. Balancei a cabea, conformada, quando foi que nos tornamos to distantes assim um do outro? Entrei no banheiro e tomei um banho, cansada, deitei e dormi em seguida.
Acordei com o despertador tocando, olhei para o lado e Hugo no estava. Escutei o barulho do chuveiro e estranhei. Hugo no levanta cedo nem para mijar. Minutos depois ele sai, enrolado em uma toalha. Em outros tempos, me daria gua na boca s de v-lo assim.
Levantou cedo. ele vem at mim e me d um selinho.
Tenho uma entrevista de emprego. ele d de ombros.
mesmo? No me falou nada ontem. desconfio.
Voc nem me deixou falar, j chegou brigando. ele coloca uma cala e uma camisa e sai do quarto.
Eu entro no banheiro e tomo um banho rpido. Visto uma cala jeans, uma blusa branca e uma jaqueta de couro preta. Penteio o meu cabelo, fao uma maquiagem leve, passo perfume e coloco um brinco de argola.
Entrei na cozinha e Hugo estava fazendo caf na cafeteira, vai chover, pensei, mas preferi me manter calada.
Que horas sua entrevista?
s 08h00. Hugo por incrvel que parea, formado em administrao. Sua faculdade foi paga totalmente pelos pais.
Podemos rachar um txi, o que acha? ofereo. Ele assenti e entrega uma xcara cheia de caf.
Ento, onde essa entrevista e para qual cargo?
Na JB construtora. A vaga para chefe do RH. No bem o meu campo de atuao, mas vamos ver no que d. O salrio parece bom.
Isso bom, amor. Vai dar tudo certo, voc vai ver. gosto quando ele se esfora, isso me d foras para continuar acreditando na gente. Espero de verdade que ele consiga esse emprego.
Pegamos um txi, ele me deixa no escritrio e depois segue para a sua entrevista. Antes de descer do carro, eu lhe desejo boa sorte.
Na entrada do escritrio, encontrei novamente com o Dr. Ricardo. Ele sorriu largo ao me ver, e como da ltima vez, ele abre a porta para mim.
Bom dia, Agatha. Est linda hoje, alis, voc sempre est. um verdadeiro Don Juan.
Bom dia, Dr. Obrigada. sorrio sem graa.
Entramos e eu me encaminho para a minha mesa, Lvia j se encontra absorvida com os olhos na tela do computador.
Bom dia, j est pegando firme logo cedo. digo.
Bom dia, Agatha. tanto trabalho, que melhor comear o quanto antes. ela desviou os olhos da tela e sorriu para mim.
Me acomodei em minha mesa e comecei a arquivar alguns documentos que j estavam sobre a minha mesa. De canto de olho, vi a chata da Renata se aproximando. Respirei fundo e me preparei.
Antes que ela pudesse jogar um monte de papel em cima da minha mesa de novo, eu a impedi
Nem pense nisso. me levantei e a encarei.
Como ? disse com petulncia.
Nem pense em jogar o trabalho que voc precisa fazer para cima de mim. Eu no sei como costumava ser aqui antes de eu entrar, mas eu no vou aturar uma piranha folgada para cima de mim. ela abre e fecha a boca algumas vezes, seu rosto corando pela afronta sofrida.
Escuta aqui, sua...
Escuta aqui voc. No quero mais te ver nem prxima a minha mesa, entendeu? Agora me faa um favor e desaparea da minha frente que eu tenho mais o que fazer. volto a me sentar com tranquilidade. Ela continua parada em minha frente, tremendo de raiva.
Voc vai se arrepender disso, novata. ela gospe.
Voc quem vai se arrepender, se no sumir da minha frente agora. ela bufa e sai pisando duro de volta para a sua mesa.
Eu sorrio satisfeita, sem me dar conta de que Lvia est me olhando de boca aberta.
Eu.estou.em.choque. ningum nunca bateu de frente com ela antes. diz admirada.
Ento j estava na hora de algum fazer isso, no ? rio.
Adorei! ela ri.
Agora sem a piranha da Renata enchendo o saco, o dia de trabalho foi bem mais agradvel. Na hora do almoo, Lvia e eu pedimos comida e almoamos no escritrio, e como de costume, no recebi nenhum sinal de vida por parte do Hugo. Eu j estava acostumada com isso, mas algo sempre me fazia esperar alguma coisa dele.
No fim do expediente, o Dr. Ricardo me ofereceu carona mais uma vez, e mais uma vez ,eu disse no
Quer carona hoje, meu anjo? me incomoda muito quando ele me chama desse jeito, mas como dizer isso para um superior?
Eu agradeo, Dr. Mas no precisa, tenho que passar na oficina antes de ir para casa. de canto de olho, noto Lvia nos observando.
Na oficina? Seu carro est no concerto? curioso nem um pouco.
No, minha moto est na oficina. h algum tempo, alis, desde que o motor fundiu e eu no tive dinheiro para o concerto. Mas, agora que estou trabalhando, vou passar l e pagar no carto.
Moto? Gosta de motos, Agatha? ele sorri com malicia.
Amo! Minha moto o meu xod. rio. De repente ele me faz uma pergunta um tanto estranha e invasiva
Voc j transou em cima da sua moto? ele diz passando a lngua pelos lbios grossos.
O que?! No! Eu nunca transei em cima da minha moto e de nenhuma outra! Preciso ir, Dr. Ricardo. At amanh. me afasto rapidamente, pensando no que porra acabou de acontecer aqui?
Rafael
Acordei s 05h00 da manh, com o celular berrando do lado da minha cama. O peguei ainda de olhos fechados e atendi sem ver quem estava ligando.
Ligao on
Al?
Rafael? Voc precisa vir para a delegacia. Encontraram um corpo, achamos que possa ser de uma das vtimas. a voz do Rodrigo soou exasperada. Eu me sentei na cama tentando absorver as informaes.
Certo, eu estou indo.
Me levantei apressado da cama e vesti a primeira roupa que vi, pendurei meu distintivo no pescoo e sai cantando pneu. Se esse corpo que encontraram for mesmo de uma das vtimas desaparecidas, a investigao tomar um rumo totalmente diferente.
Estacionei em frente a delegacia e subi os degraus da entrada depressa.
Minha equipe j estava reunida em seus postos, todos se levantaram quando entrei.
Bom dia, Delegado. - disseram todos.
Bom dia, pessoal. - avisto Rodrigo vindo em minha direo. - Onde est? - pergunto, me referindo ao corpo.
Vem comigo. - o acompanho at uma sala para onde ele aponta.
O corpo est sobre uma mesa, coberto por um lenol branco. Eu o afasto e o meu estmago afunda ao constatar que se trata mesmo de uma das vtimas. A parte mais difcil, ser dar a notcia aos familiares de que a filha, a esposa, a namorada, a neta, a sobrinha que estavam procurando, foi encontrada morta e j em estado de decomposio.
J sabemos a causa da morte? - perguntei ao Rodrigo.
O corpo ainda vai passar pela autpsia, mas tudo indica que foi por esganadura. Note que h marcas em volta do pescoo. - diz, apontando para a vtima.
Preciso checar a ficha da vtima, em seguida precisamos informar os familiares para que venham fazer o reconhecimento do corpo. - Rodrigo me segue at a minha sala. Eu pego uma pasta que contm as informaes da vtima da pilha de pastas de muitas outras.
Carina, 24 anos, solteira, estudante de moda, residente em Ipanema. - ela, sem dvida alguma. - digo, analisando a foto da moa de cabelos longos loiros e olhos castanhos claro.
O corpo foi encontrado sem nenhuma pea de roupa na rea da mata, em Petrpolis. Um morador da regio, caminhava pelo local quando sentiu um forte cheiro e foi em busca da origem, e acabou se deparando com o corpo j em estado de decomposio. - conta Rodrigo.
Eu suspiro pensativo. Tem um filho da puta, sequestrando mulheres e matando-as de forma cruel, e eu no fao ideia de onde encontrar esse infeliz.
J um comeo termos encontrado o corpo, antes no tnhamos pista nenhuma. - Rodrigo diz, como se tivesse lido os meus pensamentos.
Precisamos vasculhar aquela rea toda em busca de alguma pista, ainda h dois supostos corpos desaparecidos. Eu mesmo vou liderar a operao. - Saio seguido por Rodrigo e anncio para a minha equipe
Se organizem rapidamente. Hoje iremos revirar a rea da mata de Petrpolis de cima a baixo, at encontrarmos alguma evidncia. - todos assentem e comeam a se movimentar. - Rodrigo, por favor, avise a famlia da vtima que o corpo ser enviado para o IML, e que eles devem ir at l para fazer o reconhecimento.
Agora mesmo, Delegado. - meu parceiro me d um aperto no ombro e segue para a sua sala.
Eu reno minha equipe e partimos para a operao.
...
Chegamos ao local onde o corpo foi encontrado e minha equipe se dividiu. Hoje eu no saio daqui sem uma evidncia, por simples que seja.
Comeamos a vasculhar a mata em busca de alguma prova, o tempo passa depressa, j est quase anoitecendo e ainda no encontramos nada. Nem parece que um corpo foi encontrado nesse mesmo local.
Vamos embora! - eu chamo minha equipe. No tem nada aqui.
Volto para a delegacia inconformado por no ter encontrado nada que pudesse me levar ao culpado pelo assassinato da moa que encontramos o corpo hoje, e provavelmente pelas outras possveis mortes das vitimas que continuavam desaparecidas. Infelizmente, eu no acredito que aquelas moas ainda estejam vivas. Eu gostaria do fundo da minha alma que elas estivessem, mas sinto que no esto.
Chego em casa frustrado pelo dia de hoje. Vou direto para o banho e me deito sem jantar. No estou com fome, e s Deus sabe se vou conseguir dormir essa noite com a cabea cheia do jeito que estou.
Responsabilidades e preocupaes.
Agatha
Passei o trajeto todo refletindo sobre a conversa bizarra que eu tinha tido com o Dr. Ricardo. Que pergunta estranha foi aquela? Invasiva e de cunho sexual? Por Deus! Eu juro que nunca mais quero ter um papo como aquele de novo. Fiquei to constrangida que at perdi o rumo. E estou quase me esquecendo de passar na oficina. Puxei a cordinha de parada do nibus, me levantando apressada. Quase me esqueo que preciso passar na oficina antes de ir para casa.
Deso na esquina da oficina e sigo caminhando at l. O local est cheio de homens, e todos me encaram quando eu entro. Ignoro e vou direto tratar com o mecnico responsvel pelo concerto da minha moto. Ele me v e sorri largo, espero que ele tenha tido a bondade de consertar minha moto.
Oi! E a, Agatha? Veio finalmente buscar sua moto? - pergunta.
Oi, Gui. Vim sim, eu arrumei um emprego graas a Deus. Agora eu posso pagar pelo conserto. Voc consertou ela? - pergunto com esperana.
claro! Ela est pronta. Eu te falei que eu consertava e depois voc me pagava quando pudesse, no falei? Mas voc no quis. - deu de ombros.
Sim, voc falou. Mas eu no quis mesmo. Ningum merece trabalhar de graa, no ?
Guilherme estava na casa dos 30 anos, era alto, bonito e sorridente. Secretamente a fim de mim, ou no to secretamente assim, pois eu sempre percebo suas investidas, mesmo que sutis e disfaradas de gentilezas. Ele uma boa pessoa, tudo o que eu sei.
No seria nada demais, deixe de ser boba. Quer v-la?
Sim! claro. Estou morrendo de saudade do meu xod. - me animo.
Vem, ela est l atrs. - diz rindo.
Minha moto estava em um canto, consertada. Meu corao se alegrou, corri at ela e a abracei.
Ficou top! Eu garanto. - diz Gui.
Ah, minha linda! Voc vai voltar para a mame, meu amor. - Gui ri. - Obrigada, por consert-la sem ao menos saber quando eu poderia vir busc-la.
Imagina, no foi nada demais. - ele fica sem graa e comea a esfregar a mo por trs do pescoo.
claro que foi. Eu vou passar o carto, t?
Como voc quiser, gata.
...
Voltei para casa pilotando a minha moto, h quanto tempo eu no sentia o vento no meu rosto, essa sensao de liberdade que s pilotar uma moto proporciona. Deixei ela na garagem do prdio e subi para o meu apartamento. S de pensar que no vou mais precisar ir de nibus, j me deixa feliz. Entro em casa e ela est do mesmo jeito que estava ontem bagunada. Eu s tenho tempo aos finais de semana, Hugo mesmo ficando em casa todos os dias, nunca levanta uma palha. E alis, ele nem chegou ainda. Me pergunto que entrevista essa, que dura o dia inteiro. No entanto, no posso ficar me preocupando com isso. Tomo um banho rpido para ir para a faculdade, pois j so 18h30, caso contrrio irei me atrasar. Saio do banho, me arrumo e Hugo ainda no chegou. Suspiro frustrada. Porque ele assim?, penso. Pego minha mochila e capacete e deso para a garagem. Ainda bem que minha moto est de volta, pronta para fazer todos os corres.
Chego na faculdade com tempo de sobra para ir at a cantina e comer alguma coisa. Estou morta de fome. Chegando l, encontro com Raissa que vem correndo em minha direo
Oi sumida. - diz.
Sumida eu? voc quem mais falta do que vem na aula, doida!
Vou at a uma mesa e ela me acompanha.
Eu s fao uso da quantidade de faltas que eu posso ter. - d de ombros.
Eu sei, mas voc acaba perdendo muito contedo importante por causa disso.
Mudando de assunto...
S um minuto, Ra. Preciso comprar algo para comer, antes do incio das aulas. Espere a. - me levanto e vou at o balco.
Um suco de laranja, um sanduche natural e um brigadeiro, por favor. - peo.
Aqui. - a moa me entrega o meu lanche. E novamente, eu passo o carto de crdito. Onde vou parar? Desse jeito no vai sobrar nada do meu salrio do ms que vem. S o conserto da moto ficou em quase R 500,00. Essas coisinhas que comprei para comer, ficaram em R15,00. Preciso economizar, no posso ficar comendo aqui todos os dias, a comida da faculdade muito cara.
Voltei.
Ento, como eu ia dizendo, voc conseguiu o emprego? O estgio que voc tinha me falado? - lembro de ter comentado com a Raissa que eu estava na luta atrs de um estgio.
Sim, graas a Deus. Se no, como acha que eu teria pagado por isso aqui? - digo, indicando as coisas que tinha comprado para comer.
Ela ri.
complicado, n amiga. Se meus pais no me ajudassem, eu nem sei. O dinheiro do estgio no d para muita coisa. - Raissa faz estgio no Ministrio Pblico do Rio.
Nem me fale. Eu passei por tempos difceis nas ltimas semanas. S para voc ter uma noo, minha moto estava parada no conserto h quase um ms, e s hoje eu consegui ir l pegar ela. Paguei o conserto no carto, claro. - desabafo.
Que barra, hein amiga. Mas, e o seu noivo? Ele no te ajuda com nada?
O Hugo? Hugo est desempregado, ou pelo menos estava. Hoje ele foi fazer uma entrevista de emprego, espero que tenha dado certo.
Ele no tinha chegado ainda, quando voc chegou do trabalho?
No. Mas quer saber? No vou ficar esquentando a minha cabea com o Hugo. Preciso focar nos estudos.
isso ai, Ag. - ela confere a hora no relgio. J est na hora, vamos l?
Vamos. - jogo o lixo na lixeira e caminhamos em direo a sala de aula.
Rafael
Acordei no meio da noite com uma dor de cabea horrvel. Parece at que vai rachar ao meio. Me levantei e fui com as mos na cabea at a cozinha, onde eu guardava uma caixa com analgsicos e antitrmicos.
Peguei um comprimido e engoli com gua. Fui at o sof e me deitei l. Esse caso est tirando o meu sossego, e o pior que eu sei que est longe de terminar. Eu nem ao menos consigo dormir direito desde que essa investigao comeou.
Fiquei um tempo deitado no sof, pensando em como solucionar esse caso, mas tambm em como seria se em uma dessas noites como essa de hoje, eu tivesse algum para trazer meu sono de volta, ou me fazer perder o sono de vez, mas de um jeito bom, claro, para me fazer um carinho e dizer que tudo vai dar certo, que eu preciso confiar mais em mim mesmo. Eu no tenho certeza de como seria, mas sinto que no seria ruim.
Na manh seguinte, acordei todo dolorido por ter pegado no sono deitado todo torto no sof. Felizmente, a dor de cabea havia sumido. Tomei um banho rpido, peguei minhas chaves, carteira e distintivo e sai. Apertei o boto para chamar o elevador ao mesmo tempo em que um casal saiu do apartamento ao lado, eles pareciam ter entre 25 e 30 anos. Ele segurava ela pelo brao, enquanto ela tinha os olhos presos no cho. Fiquei observando tudo de canto de olho at o elevador chegar. O elevador chegou, e o homem ainda segurando a mulher pelo brao a empurrou para dentro, eu entrei atrs e apertei o boto que levava garagem.
Ai! Est me machucando. - disse a mulher num sussurro, porm consegui ouvir.
Cala a boca! - foi a resposta do marido, tambm em voz baixa.
Respirei fundo, esse filho da puta t de brincadeira. Se ele pensa que vai ficar agredindo a mulher, ainda mais perto de mim, ele est muito enganado. Eu no mantenho amizade com vizinhos, ento ningum sabe que sou policial, alm do porteiro. Meu distintivo est no bolso, eu o pego e penduro no pescoo antes de me virar para eles.
O que est acontecendo aqui? - perguntei. O olhar do cara veio direto para o distintivo no meu pescoo.
A mulher intercalou seu olhar entre mim e o seu marido, e acabou optando por fixar os olhos no cho.
Est querendo que eu repita? - falei mais alto, chegando um pouco mais perto dele.
No est acontecendo nada. - diz com presuno.
Ah no? No est? Acho que a sua esposa pode responder melhor essa pergunta. - me viro para ela, que levanta o olhar devagar. Seu marido est te agredindo moa?
Uma lgrima rolou de sua face e ela negou com a cabea.
Eu suspiro.
Bom, no o que est parecendo. - indico seu brao, que ainda est firmemente segurado pela mo do marido, to firme, que as marcas dos seus dedos esto ficando sob sua pele.
Cuide da sua vida. No se intrometa em assuntos que no te dizem respeito, isso no da sua conta. - o homem praticamente cospe as palavras na minha cara.
A que voc se engana. O errado da conta de todo mundo.
Com um gesto rpido viro ele para a parede, prendendo suas mos atrs das costas.
Me solta! T fazendo o que?! - diz entredentes.
No sei se voc percebeu, mas eu sou policial, mas precisamente, delegado da 14 DP do Rio, seu filho da puta. Voc est preso por violncia contra a mulher.
O que?! Eu no fiz nada, voc no pode me prender assim. Fala para ele Mnica, fala que eu no fiz nada com voc. Fala caralho! - ele grita exaltado.
A mulher est em um canto do elevador, abraada a si mesma. Enquanto lgrimas silenciosas rolam do seu rosto.
Cala a boca. - aumento minha presso sobre seus punhos. - E moa, nem adianta negar. Seu corpo est cheio de hematomas.
A porta do elevador se abre. Com o indivduo em meu poder, eu destravo o carro, pego uma algema de dentro e coloco no infeliz. Depois, jogo ele no banco de trs do carro.
Onde voc est me levando?
Qual a parte do VOC EST PRESO, voc no entendeu? - ele se cala, se dando por vencido.
Moa, voc vem tambm. Preciso colher seu depoimento.
Mas... - ela diz, indecisa, ainda abraada ao prprio corpo.
Mas o que? Voc no quer que o seu marido seja preso? Quer que ele continue batendo em voc, isso?
No... eu...
No. Foi o que pensei. Agora, por favor, entre. - abro a porta do carona para ela. A mulher entre receosa no carro.
E voc a atrs, trate de ficar bem caladinho.
Ligo o carro e dirijo rumo a delegacia. O dia hoje j comeou do jeito que eu gosto comigo prendendo agressor de mulher.
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